
Como consequência da conhecida ineficiência de um elefante Estatal brasileiro, as principais operações de vendas online estão buscando soluções logísticas para atender o “boom” na demanda provocada pelo distanciamento social. Mesmo cercado por despesas crescentes e um passivo bilionário, a previsão dos Correios é de um crescimento de 20% nas entregas no mês de novembro impulsionado principalmente pela Black Friday.
A resposta acaba de ser dada pela Amazon anunciando a abertura de três novos centros de distribuição. Agora, são oito no Brasil, e a gigante mundial coloca ainda mais pressão nos concorrentes, não deixando dúvidas de que quem possuir a melhor entrega e atendimento vai chegar na frente. Com as novas operações, a Amazon passa a entregar para cerca de 500 cidades (frente as 400 atendidas até aqui). Ainda assim, serão menos de 10% dos municípios brasileiros. Anunciou também que está estruturando sua logística de entregas e que, antes do ano que vem, deve se tornar do tamanho da FedExCorp, e até 2022 do tamanho da UPS Inc. Ainda em 2021, deve lançar um serviço de entrega de terceiros. Esse modelo deve “transbordar” para as outras regiões e também para as outras operações.
Na mesma direção vão Mercado Livre, B2W e Magazine Luiza, que estão investindo em soluções independentes dos Correios. Com isso, temos a Amazon, a B2W, o Mercado Livre, o Magazine Luiza e tantas outras operações se estruturando para criar independência de uma “empresa” que hoje é a única a entregar em todos os municípios do Brasil, mas que, apesar de toda a demanda, é uma operação deficitária.
Dados divulgados pela Revista Exame deixam claro a disparidade. Observe a comparação de alguns números do Mercado Livre e dos Correios na tabela:
Mercado Livre |
Correios |
|
Faturamento (2019) |
R$12,8 bilhões | R$18,3 bilhões |
Funcionários Brasil |
3.731 |
95.000 |
Lucro (América Latina) |
R$6,1 bilhões |
R$102 milhões |
A oportunidade está batendo na porta de quem tem a capacidade de realizar uma fusão e uma integração operacional de proporção continental. Imagine uma empresa eficiente assumindo esta operação, pronta, em pé (nem tanto, ok!), funcionando e fazendo os produtos chegarem em qualquer município.
A dificuldade é mãe da criatividade e a oportunidade dada pelos Correios obrigou as empresas de e-commerce ou marketplace a de alguma forma continuarem a realizar suas entregas independente da greve realizada em plena pandemia. Uma possível aquisição dos Correios resolveria a questão da capilaridade geográfica e traria uma importante velocidade na direção de atendimento ao cliente no menor prazo de entrega e custo competitivo.
O desejo e a expectativa (de muitos!) para a privatização dos Correios ainda terá que esperar mais do que se gostaria. Ainda há muito o que ser debatido e vários modelos de privatização são possíveis. Segundo Fábio Faria, ministro das Comunicações, a desestatização deverá ser definida até o final de 2021. Até lá, ficamos torcendo para que as empresas continuem implementando soluções de entrega eficientes e criativas. Nós, clientes, agradecemos!
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